Os perigos dos antidepressivos: minha luta pessoal com a medicina convencional

Os perigos dos antidepressivos: minha luta pessoal com a medicina convencional

Melody Ullah – 13/03/2019

Eu nunca precisei tomar aquela pílula, é tudo o que conseguia dizer a mim mesma, sentindo-me fraca e envergonhada. Existem muitos outros mecanismos de defesa que eu poderia ter usado para minha ansiedade. Por que eu não fiz a minha própria pesquisa? O que eu estava pensando?! Por que eu confiei nos médicos? Esses pensamentos se repetiram na minha cabeça depois que eu finalmente decifrei o código e descobri o que estava causando meus sintomas horríveis e bizarros. Por que os médicos não admitem isso? Por que o psiquiatra apenas quer que eu tome mais drogas e não acredita em uma palavra do que eu digo? Está tudo na internet e muitos têm contado suas histórias de horror em inúmeros fóruns. Eu pensei que ia morrer ou enlouquecer. Por um tempo, até pensei que poderia estar sob ataque espiritual.

Eu sabia que, se sobrevivesse, contaria a minha história. Eu tentaria ajudar os outros a passar por isto, aqueles cujas vozes são ignoradas pela psiquiatria e a medicina convencional. Eu sabia que queria ser uma defensora da vida holística e espalhar avisos para os outros sobre os perigos dessas drogas psiquiátricas e de algumas das grandes empresas farmacêuticas que as apoiam.

Tudo começou depois que meu gastroenterologista me receitou uma droga chamada amitriptilina. É um antidepressivo muito antigo, da classe dos tricíclicos. Eu tinha lido na internet, em várias fontes que esta classe de drogas geralmente não é a escolha preferida de medicamentos antidepressivos nos dias de hoje, pois há novos e mais seguros no mercado atual. Claro, eu não tinha ideia sobre nada disso no dia em que o médico a prescreveu para mim. Eu apenas confiei nele. Descobri tudo sobre seus perigos por conta própria, mais tarde.

Acreditava que meu médico sabia melhor sobre minha saúde do que eu mesma. Confiava que ele sabia que seria seguro retirar uma droga ansiolítica que eu estava tomando por vários anos consecutivos e me colocar nessa nova droga. Foi só durante o horror pelo qual passei é que por conta própria descobri tudo sobre essa maldita droga.

Muitos diziam que poderia ser ruim continuar lendo na internet. No meu caso, porém, serviu como um farol de verdade e apoio – verdade e apoio que não recebi da comunidade médica ou psiquiátrica.

Todos os sintomas começaram no meu sono. De repente o sono se transformou de algo confortável e relaxante em o maior medo e ansiedade da minha vida. A primeira coisa foram os ruídos – não eram sons externos, mas um estranho conjunto de sons bizarros na minha cabeça. No começo, eu os ignorei, mas eles só pioraram em frequência e intensidade. Sendo que tudo isso começou logo depois que meu médico aumentou a dose da amitriptilina.  Meu instinto me disse que a droga era a culpada de tudo. Liguei para o consultório do médico e disse-lhes que gostaria de parar com o remédio e pedi se poderiam, por favor, dizer-me qual a melhor maneira retira-lo. Eles me disseram que apenas parasse de toma-lo completamente!

Minha intuição me disse que não parecia correto, mas confiei neles e fiz o que me disseram. Mais uma vez, acreditei no meu médico e no pessoal da saúde. Esperava algum alívio. Mas eu estava errada. Este foi apenas o começo do horror.

Pouco depois de tomar a minha última dose de amitriptilina, as coisas pioraram muito. Um bizarro grupo de sintomas começou. Muitos eram estranhos para mim, algo eu nunca havia experimentado antes em minha vida. Os sintomas apareciam principalmente durante o sono, embora alguns tenham ocorrido em estado de vigília também. Além dos sons na minha cabeça, enquanto eu estava dormindo, sentia uma sensação de choque na cabeça. Isso me assustava, era como se estivesse morrendo. Fiquei perplexa com o que estava se passando. Algumas dessas sensações de choque elétrico eram mais intensas do que outras. Essas sensações só ocorriam quando eu estava adormecendo. Elas me acordavam toda vez, às vezes a noite toda, roubando-me o precioso sono. Logo mais sintomas foram sendo adicionados, como os movimentos involuntários que me acordavam do sono profundo.

Ataques de pânico eram frequentes. Eu me sentia desligada de mim mesma. Sentia uma sensação de desgraça iminente e um intenso medo, um medo do que poderia acontecer comigo em seguida. Eu estava com medo de morrer ao ir dormir. Estava em um estado de zumbi, tentando lutar contra o sono. Parecia os filmes de Freddie Krueger onde as vítimas tinham medo de dormir porque era quando todas as coisas assustadoras aconteciam. Eu tinha crises choro. Algumas noites eu dormia por apenas uma hora ou nem isso. O que me levou a perceber o quanto o sono para mim era antes algo tão natural. Comecei a pensar em muitas coisas sobre as quais nunca havia pensado, como o sono é vital para nossas vidas e como proporciona equilíbrio. Meu equilíbrio estava fora de sintonia, e sentia como se estivesse em um pesadelo da vida real. Apenas escrever sobre isso me dá os mesmos sentimentos de medo que senti quando tudo estava acontecendo.

Eu não conseguia descobrir o que havia de errado comigo. Já havia retirado a amitriptilina há várias semanas e ela deveria estar fora do meu sistema por ter uma meia-vida de duração curta, os médicos haviam me dito isso. É claro, verifiquei outras fontes na internet, e a maioria delas menciona uma meia-vida de 20 horas. Mais tarde, descobri por outras fontes que, só por a amitriptilina ter sido eliminada do meu plasma, não significava que seus metabólitos também houvessem sido eliminados. Meus médicos me disseram que não havia como a amitriptilina estar causando esses sintomas. Comecei a tentar adivinhar o que poderia estar errado comigo e fiquei muito paranóica. Comecei a solicitar aos meus provedores de saúde, todos os exames médicos que imaginava. Me olhavam como se eu fosse louca e alguns disseram que era a minha ansiedade.

Meu clínico geral me pediu uma ressonância magnética cerebral. Eu estava com medo de que talvez tivesse um tumor no cérebro. Estaria tendo convulsões? Esses choques elétricos eram horripilantes. Eu havia desenvolvido repentinamente uma doença neurológica? Comecei a aprofundar minhas pesquisas e a pesquisar palavras-chave mais precisas na Internet. Foi quando comecei a descobrir todas as informações surpreendentes que a medicina convencional e psiquiátrica ignora. Incontáveis ​​pessoas em diferentes fóruns contavam suas histórias de horror sobre sintomas de abstinência de antidepressivos. Havia muitas subcategorias dentro desses fóruns com informações sintéticas ainda mais precisas. Havia uma categoria inteira de amitriptilina com pessoas contando suas experiências que eram como as minhas. Foi aí que finalmente encontrei o termo apropriado para um dos meus sintomas mais assustadores: “zaps cerebrais”.  Eram esses os choques elétricos que sentia na minha cabeça. Finalmente, eu tinha um termo para nomear isso. Eu abri uma pasta com as impressões de todas as coisas que encontrava e comecei a colecioná-las. Eu passava o dia inteiro pesquisando, tentando desesperadamente encontrar alguém que pudesse me ajudar. Era sempre um beco sem saída com os profissionais da medicina convencional e os psiquiatras a quem eu havia me voltado. Como eles poderiam não conhecer o termo “zaps cerebrais” quando se prescreviam essas drogas ? Então me voltei para um grupo de reabilitação que disse que poderia me ajudar por US $ 60.000 em seu local de internação distante.

Seria uma farsa? Eu estava tão desesperada por ajuda que tentei descobrir como chegar a ter US $ 60.000 até que percebi que não podia fazer isso; como eu mesmo saberia se as alegações deles eram verdadeiras? O único apoio verdadeiro que eu tinha era que as outras pessoas que frequentavam os fóruns conversassem comigo e/ou respondessem às minhas perguntas. Na comunidade online foi-me apresentada uma opção: restabelecer o mesmo medicamento ou um antidepressivo diferente para tentar ajudar nos sintomas graves de abstinência. Eu estava com medo de restabelecer a amitriptilina e colocar essa droga maligna de volta no meu corpo. No entanto, eu estava tão desesperada para tentar diminuir esses sintomas horríveis que me impediam de dormir. Eu perguntei ao meu clínico sobre essa opção. Ela disse que sim, se fosse isso o que eu queria. Parecia que ela não tinha ideia se funcionaria ou não. Ou eu restabelecia a amitriptilina ou voltava ao Zoloft, a droga que eu vinha usando há anos sem problemas antes da amitriptilina. Eu escolhi o Zoloft, rezando para que ajudasse meus sintomas de abstinência.

Eu estive dentro e fora da sala de emergência em quatro vezes diferentes e em locais diferentes. Todos os médicos do pronto-socorro me deram informações semelhantes. Eles olhavam para mim como se eu fosse louca, dizendo-me novamente que a amitriptilina estaria fora do meu sistema naquele momento, então isso não poderia ser a causa dos meus sintomas. Nenhum deles sabia o que eram “zaps cerebrais”. O primeiro médico me disse para que eu consultar meu psiquiatra, pois ele era apenas um médico na emergencia e não via necessidade de me tratar com ele. O outro médico da emergência me disse que eu deveria fazer o teste para apneia do sono. Ainda outro médico do pronto socorro apenas olhou confusamente para mim e nunca me deu uma resposta exata. Toda vez que eu tentava explicar a eles sobre a síndrome de descontinuação, eles olhavam para mim como se eu estivesse falando uma língua estrangeira.

Depois de ver todos esses médicos dizerem coisas semelhantes e não mostrarem nenhum conhecimento da síndrome de descontinuação, percebi que eu nunca conseguiria chegar a lugar algum, muito menos receber ajuda de alguém na medicina convencional. Percebi que ou eles não conhecem a síndrome de descontinuação devido à sua educação limitada que vem das empresas farmacêuticas que lhes fornecem os medicamentos com os quais lucram, ou não querem admitir que os antidepressivos sejam viciantes para a neuroquímica do corpo. Ao longo da minha pesquisa, vi repetidamente a mesma mensagem: que uma das piores coisas que você pode fazer para aumentar o risco de efeitos colaterais mais sérios é parar com antidepressivos de repente. Fiquei indignada ao pensar que o meu médico que me prescreveu essa droga não só nunca me avisou dos potenciais efeitos colaterais,mas também nem sequer me informou sobre o modo apropriado de fazer o desmame da droga.

Eu fiz muitas visitas e telefonemas aos meus médicos clínicos. Minhas interações com eles pareciam uma inversão de papéis – eu era a única que fornecia as informações, que eles basicamente tomavam nota. Parecia que apenas espelhavam de volta o que eu dizia a eles. Parecia que, independentemente da quantidade de evidências que eu lhes apresentasse, eles ainda não queriam reconhecer a síndrome de descontinuação. Como outros profissionais de saúde que já frequentei, minha médica me disse que achava que era ansiedade. Chegou até a sugerir que talvez eu estivesse sofrendo algum tipo de ataque espiritual! Comecei a perder toda a esperança com os médicos.

Também não tinha muita esperança no mundo da psiquiatria, como foi o que se passou com o primeiro psiquiatra que procurei e que praticava o modelo médico convencional da psiquiatria. Eu não senti nenhum reconhecimento dele sobre o que eu estava ali dizendo e só o que fez foi me rotular. Apressadamente disse que o que eu tinha era ansiedade, e que algum evento estressante tinha acabado de ‘disparar’ esses choques elétricos na minha cabeça! Fiquei chocada com sua falta de reconhecimento pelo que eu tinha a dizer e por sua maneira ignorante de encarar a realidade. Ele disse que não havia como a amitriptilina causar meus sintomas. Eu conhecia meu corpo, e sabia que não havia nenhum evento estressante em minha vida que causasse esses sintomas físicos bizarros – tinha que ser uma substância química! Sua solução foi me prescrever mais duas drogas antidepressivas e me levar até a porta.

Tentei outro consultório psiquiátrico. Lá fui atendida por uma enfermeira. Ela disse que às vezes havia visto médicos prescrevendo antidepressivos quando não deveriam, pois não era a área de especialização deles. Ela concordou comigo que eu nunca deveria ter sido instruída a parar com a droga assim de supetão, e que deveria ter sido submetida a um processo gradual (uma redução gradual da droga) que levaria meses. Ela me disse que não havia garantia de que meus sintomas iriam embora! No entanto, ela disse que já havia visto os sintomas desaparecerem em várias pessoas e que todos somos diferentes uns dos outros. Eu tive que continuar fazendo perguntas e sondando para conseguir que ela respondesse. Ela me receitou outra droga do sistema nervoso (gabapentina) para tentar ajudar a acalmar meus “zaps cerebrais”. Ela disse que, se a droga não funcionasse, talvez ela tentasse algum outro tipo de droga com composição semelhante à amitriptilina. No entanto, parecia que estava basicamente adivinhando como tratar meus sintomas. Não havia remédio exato, devido aos danos que já haviam sido causados por não diminuir a droga da maneira correta! Fiquei indignada que isso estivesse acontecendo comigo.

Cheguei à conclusão de que eu estava experimentando um conjunto de sintomas que foram todos mencionados pelo Dr. Flavio Guzman, MD, em um artigo e apresentação em PowerPoint para o Instituto de Psicofarmacologia. Esses sintomas são distúrbios do sono, desequilíbrio, sintomas sensoriais, sintomas afetivos, sintomas gastrointestinais e sintomas somáticos gerais. Sua pesquisa também mencionava como a síndrome de descontinuação é frequentemente diagnosticada erroneamente pelos médicos e tratada como outras doenças ou sintomas em desenvolvimento dentro do paciente.

Quanto mais eu lia na internet, mais horrorizada ficava. Os médicos me disseram para não ler tanto na internet senão eu apenas me assustaria. Os médicos também insinuaram que as pessoas na internet não estavam contando histórias válidas ou estavam deixando de fora informações vitais. No entanto, no meu caso, a internet foi uma das únicas fontes de verdade com que me deparei. Ouvir histórias de recuperação de outros e saber que havia luz no fim do túnel ajudou-me a sobreviver quando quase me senti pronta para desistir.

Até hoje, ainda tenho zaps cerebrais às vezes em meu sono. Eu ainda sinto esses ‘tempos sombrios’ onde me sinto com medo e sem esperança de que os sintomas nunca desapareçam. Minha esperança é que meu sistema nervoso esteja se curando lentamente todos os dias. Eu decidi começar meu próprio blog e fórum chamado zappingantidepressants.com, como sendo a minha contribuição para ajudar a apoiar outras pessoas que estejam passando por tempos difíceis em suas vidas devido às drogas antidepressivas. Eu convido os leitores a se juntarem ao meu fórum, participarem da comunidade e contar sobre suas experiências com drogas antidepressivas e/ou com a medicina convencional e a psiquiatria.

Melody Ullah Melody Ullah é do sudoeste da Pensilvânia e tem uma formação profissional em negócios, com um diploma de MBA e um Master em Herbalismo. Seu site, Zapping Antidepressants, defende terapias holísticas e complementares para ajudar a tratar vários transtornos mentais como alternativas ao tratamento de primeira linha de medicamentos prescritos, os antidepressivos.

Tradução Lia Beatriz Fleck

3 comentários em “Os perigos dos antidepressivos: minha luta pessoal com a medicina convencional

  1. grolyrtolemcs

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