Se, pudermos substituir “eu estou deprimido por “estou exaurido”, as coisas podem ficar mais suaves. O “exaurimento” descreve uma situação em que as energias se esgotaram. Alguém está sentindo-se assim porque, de uma maneira ou de outra, está super esgotado nesse momento, mas há possibilidade de sair dessa por si próprio. Pode significar que suas energias vitais tenham se exaurido por situações tão difíceis que a pessoa não está conseguindo repô-las.

Mas pode ser mais complexo. Talvez haja alguma situação que está constantemente estressando o sistema, um trabalho ou um relacionamento que se tornou extremante tóxico. Poderia estar relacionado, também, com a saúde. Algum problema na tireoide, uma fadiga crônica, ou uma sensibilidade alimentar. Um desequilíbrio hormonal ou a falta de algum nutriente também podem ser possibilidades. Pode ser algo que está desequilibrado no corpo, na mente, ou no coração. Há uma razão para que a pessoa se sinta assim e, uma vez que seja reconhecida, uma ligeira luz de esperança se acenderá. Há espaço para algum movimento, onde antes não havia nada. A coisa mais insidiosa de alguém achar que foi acometido por uma depressão é que isso pode anular toda e qualquer ação dela mesma. De fazer qualquer movimento necessário para mudar a situação, ou para procurar a ajuda que trará algum alívio. Um exame clinico, seria talvez a primeira opção a ser buscada.  

Dizer a si mesmo que está “deprimido” simplesmente desliga qualquer movimento de imediato. Estar “deprimido” parece muito avassalador… parece não haver nada a fazer. Só aceitar que está enfermo. Estar “exaurido” é muito mais acionável. Essa reformulação imediatamente faz a pessoa pensar em “o que estaria me esgotando?” E então, “o que ajudaria para me refazer?” Uma resposta simples poderia ser, tirar uma folga. Dar um tempo a si mesmo para recuperar-se. Se alguém está tão exaurido que não é capaz de funcionar na sua total capacidade, por que não pode ser gentil consigo mesmo? Permitir-se tirar uns dias de folga e assistir Netflix na cama, sem culpa. Dar a si mesmo um pouco de amor, permitir-se um descanso, para se recompor. Essa é a parte mais importante da reformulação, “esgotamento” permite a autocompaixão.

Perceber-se como “deprimido”, sentir-se como vítima de alguma doença incurável, é o caminho para mergulhar na auto-piedade, no desespero e na vergonha. Perceber-se “exaurido”, faz a narrativa mudar. Vendo-se como alguém que acabou de se desgastar, que foi temporariamente tirado do jogo para o banco de reservas, é uma mudança sutil, mas profunda. De infinito a temporário. De um ser desamparado a um com poder de ser responsável por sua melhora. 

Assim, quem sabe seria melhor parar de culpar-se e começar a fazer perguntas: “O que posso fazer para me recompor? Do que eu preciso? Começar a usar a intuição para descobrir e, se a pessoa está presa no ponto fundo do poço, usar de toda sua auto-bondade para sair dali. Cada centímetro de movimento, cada fatia de autocompaixão – não importa quão pequena – é significativa. Estará mantendo a cabeça fora da água, não mais se afogando. Estará pegando um pouco de ar e, quando sentir de novo que não consegue respirar, já saberá o que fazer, isso fará toda a a diferença.