Desconexão

Por Lia Beatriz Fleck

A televisão está sempre ligada, despejando notícias e comerciais. Muitos ficam conectados virtualmente o tempo todo, trocando mensagens e fotos, compartilhando tudo em tempo real. Sempre há listas intermináveis de coisas para fazer e resolver.

Distraídos nesse roldão de atividades, é cada vez mais difícil sentir, ouvir a voz interior, se conectar.

Com tanta conexão externa não estamos ficando cada vez mais desconectados de nossas emoções?

Estar sempre em sintonia com o mundo exterior pode ser um meio de evitar entrar em contato com emoções difíceis. É claro que, traumas, perdas, humilhações, não são nada agradáveis e em nosso modo de vida compulsivamente ocupado, existe o medo de que, parando, sejamos engolfados pela tristeza.

Evitando sentir, perdemos oportunidades preciosas de lidar com algumas dores que, se não cuidadas adequadamente, vão se acumulando.

Infelizmente, não temos como evitar as adversidades da vida e não é por não tomar conhecimento do sofrimento que ele vai desaparecer. Se, ao contrário, ficamos cientes do que estamos sentindo, conseguimos acolher as dores emocionais antes que produzam ansiedade, raiva ou medo, emoções que surgem quando não sabemos porque nos sentimos do jeito que nos sentimos.

O problema não é o exagero de informações jorradas sobre nós e nem o excesso de atividades, mas como lidamos com isso. Podemos optar por estar presentes em tudo que vivenciamos, saindo do piloto automático, nos permitindo sentir as experiências, tanto as boas como as ruins.

Parece impossível conseguir ficar em silêncio por alguns minutos, para se desligar dos estímulos que vem de fora. Mas não é tão difícil, existem práticas, como a meditação, que podem ser aprendidas. Basta querer e fazer diariamente, com disciplina.

Ouvimos desde cedo que, quando uma pessoa está muito agitada, pedem a ela para respirar mais fundo. Então já sabemos que respirar mais fundo muda alguma coisa, acalma.

Começando com a respiração, eis como podemos nos reconectar com nosso interior:

♥ Sente-se, confortavelmente, num lugar tranquilo e feche os olhos.

♥  Respire algumas vezes, mais profundamente, observando o ar entrando e saindo das narinas.

♥  Repita mentalmente um mantra, levando a atenção para dentro.

♥  Observe os pensamentos, perceba que você é o pensador dos seus pensamentos e pode direcioná-los como quiser.

♥  Observe as sensações internas, tanto físicas como mentais, sem julgar, apenas sentindo-as.

♥  Ao aquietar a mente, sinta as emoções, sem reagir a elas, deixando que fluam através do corpo deixando que se desvaneçam.

Após algum tempo de prática, aprendemos que não se pode controlar tudo, mas se pode controlar a reação que temos aos acontecimentos.

Ao se permitir ficar triste, magoado, ou sentir pesar, se aprende a não ter tanto medo das emoções difíceis.

E o mais importante, vamos aprendendo a conseguir aceitar o que não é possível mudar.